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O complexo de Cassandra de Laurie Layton

  • Foto do escritor: Coletivo Othala
    Coletivo Othala
  • 4 de nov. de 2021
  • 2 min de leitura


Na nossa indicação de hoje - O complexo de Cassandra - Laurie Layton trabalha conceitos da mulher medial aquela que, como a profetiza Cassandra, faz ponte entre o mundo imagético e primordial do inconsciente coletivo com a vida concreta consciente.


Ela traz um olhar histórico a partir da figura de Cassandra, aquela que recebeu o dom de profecia de Apolo, junto com a maldição de nunca ninguém acreditar nela. Faz assim uma leitura do movimento matriarcal, ao patriarcal, chegando a verdadeira alteridade que permite a coniunctio entre opostos. Sua leitura contempla tanto a sociedade (mundo externo) quanto o desenvolvimento da personalidade (mundo interno).


A autora nos provoca a pensar sobre a magia e sobre como concretizar aquilo que é sutil, como intenções, ideias, afetos e sonhos em realidade concreta. Para isso, a mulher-Cassandra precisa acreditar em si e na sua capacidade de comunicação e realização.


Por isso, uma das maiores contribuições desse livro é a sistematização que Laurie faz sobre os desafios do fortalecimento egóico da mulher medial moderna, a busca de se aterrar em suas raízes do feminino profundo e estabelecer uma relação de diálogo com seu animus, usando diversas deusas gregas e suas contrapartes, refletindo sobre a contribuição do analista em cada desafio desenvolvimental.


Para mim ela trouxe muitos insights para pensar a minha relação com o mundo imagético. Me deu perspectiva sobre o processo das minhas analisandas com seus animus e, por fim, trouxe novos olhares sobre entidades tão conhecidas, como Apolo, Ártemis e Hécate!


É um livro imperdível, prático e acessível!


Se for para apontar apenas uma coisa a melhorar nesse livro, para mim pegou a questão da tradução. Apesar de ser uma tradução recente, do ano de 2018, eu fiquei bastante incomodada porque o termo "dark" no idioma original foi traduzido genericamente como "negro/negra" diversos contextos. A gente sabe a questão histórica e questão racista por trás desses uso indiscriminado da palavra negro nesses contextos, então me incomodou tremendamente os termos magia negra e magia branca, hoje esses termos estão em desuso. Enquanto analistas precisamos olhar criticamente para nossa linguagem, nossas palavras são ações no mundo.


Além disso, muito da riqueza desse termo foi perdido por causa dessa tradução genérica. Em alguns momentos teria feito mais sentido ter usado o termo "ctônica" pois a autora estava se referindo a natureza subterrânea do feminino profundo, em outros momentos poderia ter sido usada a palavra "noturna" porque estava falando de uma característica do feminino que se opõem a consciência solar. E, de modo geral, trocar "feminino negro" pela expressão "feminino sombrio" teria feito muito mais sentido, pois a autora estava se referindo a uma dimensão do aspecto feminino da psique que não está na luz da consciência, mas sim na sombra da inconsciência. Mandei um e-mail para editora com essas colocações.


Dica de @psi.jugi


O Complexo de Cassandra - Histeria, descrédito e o regaste da intenção feminina no mundo moderno

Autora: Laurie Layton Schapira

Editora Cultrix


Originalmente publicado em @othalapsi, o nosso instagram, no dia 10 de maio de 2021.



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